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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

EVANGELISMO BY JESUS CRISTO

Mateus Feliciano
Coordenador SEARA URBANA

Quem leu a matéria sobre o natal da Seara, vai lembrar do Gustavo que citamos algumas vezes naquele artigo. Pois bem, o Gustavo é um ex-morador de rua que estávamos trabalhando com ele a alguns meses.

Ele estava com um problema muito serio com drogas e este vicio já vinha se arrastando por 10 longos anos.

Conhecemos ele nas ruas através do trabalho da Seara e um dia anunciamos a mensagem da Cruz, e ele se converteu para os caminhos de Cristo. Começamos logo em seguida a fazer um discipulado semanal com ele e com o Marcus, que citamos também na matéria do Natal.
Assim como todo Cristão, ele vem enfrentando altos e baixos na caminhada. Ficava semanas sem usar droga, mas as vezes caí e voltava a usar. Uma vida dependente de muito sofrimento.
Nós estavamos fazendo discipulado com ele e com o Marcus todas as quartas feiras na rua mesmo. Não tinhamos dinheiro para pagar uma pensão para eles. Mas eles aceitaram e conseguimos fazer o discipulado.

Até que a Missão Vida em Anapolis-GO, nos fez uma proposta de parceria. A proposta é de identificarmos um morador de rua que quer sair das ruas e trabalhar com ele durante 30 dias e no final deste período se verificarmos que ele tem realmente a pretensão de sair das ruas, nós enviamos para esta casa de recuperação e o custo do tratamento que dura 7 meses, fica por conta da Missão Vida. Uma benção de Deus para a Seara, para os moradores de rua e para o Reino de Deus.

Finalmente no dia 30/12/2007 conseguimos doações em dinheiro para comprarmos a passagem de ônibus para enviarmos o Gustavo para Goiás e fazer o tratamento de recuperação. No mesmo dia, ele embarcou para uma nova etapa da vida. Um ano novo e rumo a uma vida nova.

Quando vejo a vida de Jesus na Bíblia, percebo algumas coisas que as vezes não nos atentamos. Ele indica que é o caminho, a verdade e a vida, ou seja, indica onde há salvação e indica a pessoa correta para tal, Ele mesmo. Mas vemos também Jesus não só "evangelizando" (se é que podemos dizer assim...), mas dando condições para os marginalizados da época de voltarem a terem uma vida social. Curou uma mulher que sofria de uma hemorragia e que era posta do lado de fora da cidade, pois era considerada impura, curou paralíticos, cegos e coxos que também ficavam a margem da cidade, fora da vida social da população.

Jesus indicava (e indica) a direção de Deus, mostrava o caminho (Ele mesmo) e dava condições de uma vida terrena em comunhão com a sociedade. Ele salva a vida eterna da pessoa (sua alma e espírito) e salva a pessoa terrena (a vida aqui na terra).

E como nós hoje, como discípulos de Cristo temos lutado pela salvação completa que Jesus dava?
Será que só distribuir um folhetinho com o plano da salvação, vai ajudar por completo a vida do perdido ?

Precisamos fazer mais do que aprendemos a fazer com os anos de igreja que cada um tem. Precisamos renovar as nossas mentes em Cristo, para entendermos e praticar tudo (e não somente uma parte) daquilo que Jesus nos deixou de missão: "Indo (original no grego), pregando e fazendo discípulos por todo o mundo".

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

NATAL, O ÓPIO DO POVO

Pr. Fabrício Cunha
Pastor de Jovens da IBAB

Certa feita ouvi um pastor dizer que duas classes de pessoas não podem sorrir muito, médicos plantonistas e pastores. Elas convivem constantemente com a dor das pessoas. Na verdade todos convivemos. Entretanto pastores e médicos são (ou deveriam ser) mais sensíveis que os outros mortais, conhecem a fundo a alma e o corpo, têm nisso seu objeto de trabalho, não se familiarizam com a doença, não se acostumam com a dor, investem suas vidas na melhoria das dos outros. Tenho, ultimamente, percebido uma mágoa constante em meu coração. Não sei explicar o sentimento. Choro com mais facilidade, presto atenção nas conversas de quem se senta ao meu lado em qualquer lugar, observo as pessoas com mais atenção, penso em minha família o tempo todo. Não sei o que está acontecendo mas tenho "gostado" de tal sentimento. Ele me aproxima mais da verdadeira realidade, das pessoas e de Deus. Realmente tenho sorrido um pouco menos. Sempre fui e ainda sou muito alegre. Gosto de celebrar, de estar entre amigos.

Mas rir, festejar e se alegrar todo o tempo é, no mínimo, fugir da realidade em que vivemos. É fugir dos outros, de seus problemas, de suas dores, de suas lágrimas e de nossas próprias. É por isso que não gosto do Natal. Gostava quando era criança. Não gosto mais. É uma época de muitos sorrisos, mas de pouca realidade. Se Karl Marx fosse vivo diria: "O Natal é o ópio do povo". Ele anestesia o cotidiano e traveste nossa realidade vexatória com uma fantasia de fraternidade e alegria plenas. Alguns poucos vão revelar amigos secretos em meio a uma farta ceia de tipicidades, vão esperar a meia noite para dar o abraço contido e desejar "um feliz natal" sem saber o que isso significa e, quando chegarem em casa, seus filhos correrão ansiosos para procurar o presente deixado pelo “Papai Noel” em algum lugar da casa. Um amigo de muitas posses tem feito nos últimos três anos um jantar de virada todo especial. Ele aluga alguns ônibus e na noite de 24 de dezembro sai recolhendo pessoas pelas ruas e em bairros pobres de nossa cidade. Reúnem-se num salão e lá ele e uma equipe servem um belo "jantar de natal". Sabemos que isso não resolverá o problema da fome nem da pobreza locais. Entretanto é nesse ambiente tão compensador que percebo que estamos mais próximos do que é a vida real. No último jantar perceberam uma senhora saindo com alguns copos cheios de comida do salão. Perguntaram o que ela iria fazer com aquilo e ela disse: "vou levar para minha filha que não pôde vir comigo", emendou em seguida: "moço, esse foi o melhor natal da minha vida". O melhor natal da vida dessa senhora que já havia passado por tantos deles. Não deu para conter as lágrimas. Em toda a ilusão desse dia a realidade falou e sempre falará mais alto. Acabei de voltar de meu almoço. Almoço todos os dias. Tenho ido muito ao centro da cidade, onde, despercebidamente, posso ouvir histórias e observar pessoas. Cheguei ao local de praxe e meu lugar de costume estava ocupado. Era uma jovem, biotipo assembleiano, muito simples, mal vestida, já com alguns filhos.

Olhei com reservas, afinal ela ocupava o "meu" lugar. Era um balcão e sentei-me dois bancos depois. Percebi que a dona do estabelecimento, uma japonesa sempre austera e carrancuda, estava, para meu espanto, carinhosamente insistindo para que ela e sua filha pequena comessem algo. Continuei a observar e ouvir. "E como vai a quimioterapia?", perguntou a dona da lanchonete colocando, em seguida, uma sacola cheia de comida e um guardanapo com dinheiro nas mãos da jovem. Pensei: "Não é justo Senhor!!!". Uma jovem já com tantos filhos, com tanta dificuldade e na iminência de deixá-los órfãos por causa de um câncer. E como será o Natal dessas crianças. E como será o Natal dessa mulher?

Não interessa né?! Afinal o nosso lugar de praxe está garantido.
Ah é !?! Não sou médico, sou pastor.

Gentilmente cedido para a SEARA URBANA