compartilhamento difícil, de foro extremamente particular. Coisas que até olhamos de lado para
falar, que escondemos de outros quando temos que mostrar à alguém ou falamos num tom de voz
bem mais baixo que o de costume.
Para partilharmos coisas íntimas precisamos de confiança. A confiança garante, até certo
ponto, que nossa intimidade não será revelada para outros, não será negligenciada e nem será
utilizada como moeda de troca por ninguém. A confiança gera fé. Acreditamos que uma pessoa não
revelará nossa intimidade devido a empatia adquirida por ela com o passar dos tempos. E não há
empatia sem troca. Precisamos ter o que trocar, e não sermos eternamente protegidos por uma
redoma inviolável, incapaz de ser penetrada por idéias ou por alguém.
Cristo compartilhou sua vida, a ponto de entregá-la por nós “Já não vos chamo servos,
porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi
de meu Pai vos dei a conhecer.” João 15:15. Em latim, a palavra companheiro (amigo) significa
“cum panis”, ou seja, o pão dividido entre amigos.
As ruas gritam suas intimidades, expõem suas cuecas e calcinhas para que a sociedade,
num surto de bondade e ternura possa arrebentar a redoma, abraçar seus amigos imundos,
famintos, cheirando a pinga e cheios de piolhos, reconheça que as suas intimidades não são tão
mais íntimas, pois as ruas já gritaram todas elas.
Gentilmente escrito para a SEARA URBANA
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