segunda-feira, 2 de agosto de 2010
COMENTÁRIO DA MÚSICA: “MEU MUNDO É O BARRO” DA BANDA O RAPPA
Bruno Elias Menezes
O discurso de religioso de revolta ultrapassa as muralhas, construídas de forma imprudente pela religião oficial, que tenta separar o que é sagrado do que é profano. Assim o discurso religioso de revolta não é nem sagrado, nem profano é um misto uma terceira alternativa. Sou admirador de um grupo chamado “O Rappa” que se propõe a discutir a vida e a sociedade a partir desta terceira alternativa, que por muito tempo não percebia o que era ao certo. Talvez porque nunca tivesse, com tempo, me dedicado a ler e pensar sobre. Segue nas próximas linhas a análise breve da música “Meu mundo é o barro”.
“Moço, peço licença Eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem passe,
eu sou novo aqui
Não tenho trabalho, nem classe,
eu sou novo aqui”
A música começa com a idéia de um jovem se apresentando, me parece como aqueles, que param uma pessoa na rua para pedir alguma ajuda, contando sua história. Ele não tem nada, posição social, conhecimento, trabalho, dignidade, e provavelmente a situação em que ele se encontra o impede de conseguir estas coisas. Qualquer semelhança com o trabalho da SEARA URBANA é mera conhecidência!
“Eu tenho fé
Que um dia vai ouvir falar de um cara que era só um Zé
Não é noticiário de jornal, não é
Não é noticiário de jornal, não é
Sou quase um cara Não tenho cor, nem padrinho
Nasci no mundo, sou sozinho
Não tenho pressa, não tenho plano, não tenho dono”
Como todos que param alguém na rua, alias como todos nós, este jovem tem a esperança de torna-se alguém melhor, alias, sejamos sinceros, alguém famoso, mas pode ser e é o que parece, que ele queira ser alguém não só melhor, não só famoso, mas relevante. Mas como a maioria destes meninos, alias com a maioria de nós, não temos plano, não sabemos para onde vamos. É ai que a diferença entre aquele que pede e aquele que ajuda começa a diminuir, na verdade muitas vezes ela só está na condição financeira que cada um tem no momento. Algo me chama atenção na estrofe, ele é quase um cara, um Zé, só, sem rumo, esconde-se por trás a idéia de que só se é alguém quando tem algo a oferecer. Nossa visão de dignidade está firmada em nossa condição financeira e social, o que a poesia da música contrapõe de forma maestral, “não tenho pressa, não tenho plano, NÃO TENHO DONO”, ser somente um Zé, pode significar ser mais humano do que qualquer outro, pois ali a liberdade não há prisão, não temos donos. Isso me lembra Jesus no sermão do monte “bem-aventurado pobres, ou então os quebrantados de coração”. O jovem personagem, deseja ser alguém, mas não sabe quem, e tem a certeza que aquilo que ele tem hoje pode ser chamado de liberdade, muitas vezes melhor do que de quem os ajuda.
“Tentei ser crente
Mas, meu cristo é diferente
A sombra dele é sem cruz, dele é sem cruz
No meio daquela luz, daquela luz”
Nesta estrofe começa a ser revelado o segredo da música e uma grande reflexão sobre o discurso cristão. Nosso personagem um “ninguém”, livre e sem rumo, procura um caminho. A Igreja sempre se propõe com “o caminho”. Mas nosso amigo não deseja uma religião que fale de sofrimento, sua vida já é sofrida o suficiente para que ele sofra mais ainda. Não deseja uma religião sacrificial, pois ela não apresenta a solução que ele precisa, que precisa torna-se alguém, não tem nada, precisa ter algo se seja real. Também não deseja algo meramente litúrgico, e aqui vale um comentário: Um culto musical, alegre, onde pessoas cantam, dançam, oram, gritam pode ser um culto tão ou mais rígido em sua liturgia, quando um bem tradicional!
Nosso amigo ele quer um Cristo sem Cruz, ele quer o Cristo ressurreto, o Cristo da possibilidade, o Cristo da superação. O Cristo de liberdade sem restrição. Faço um comentário, a ressurreição de Cristo, mesmo que olhada sem o aspecto salvifico, nos mostra que nem a morte deve ser encarada como aspecto final, assim nada pode realmente nos parar, nem a morte.
Diante disso coloca-se uma crítica, uma possibilidade e uma restrição. Quanto a crítica um pouco já foi citado, acima, nosso discurso contrapõe o que eles esperam, alias do que eles precisam, salvação e esperança de uma vida melhor. Fica o alerta, precisamos atentar ao nosso discurso de salvação e ao discurso de salvação que eles esperam ouvir. Entender que existe uma diferença na cosmovisão, um enxerga a religião de fora para dentro, ou seja a partir de suas manifestações sociais, desta forma, ela pode parecer uma prisão, uma cruz. Outro por sua vez enxerga a religião de dentro para fora, onde ele percebe a importância da cruz e para nós cristãos protestantes, não podemos viver sem a cruz, sem ela não há salvação e sem sofrimento não existe transformação, aperfeiçoamento na vida do Cristão. A primeira cosmovisão vê Cristo como a oportunidade, ele quer a Luz, mas como ele sabe que Cristo é a Luz? Porque eles conhecem nosso discurso, conhecem a bíblia, ou pelo menos uma parte, a melhor parte talvez, da bíblia. A segunda por sua vez, vê também o Cristo sem a cruz, mas entende que a antes da Luz vem a Cruz, e que ela não é negativa sim necessária.
“E eu voltei pro mundo aqui embaixo
Minha vida corre plana
Comecei errado, mas hoje eu tô ciente
Tô tentando se possível zerar do começo e repetir o play”
A última estrofe começa com uma frase questionadora. Talvez ser crente ou Cristão seja algo que não resolva, muito distante para a realidade de quem está pedindo uma grana na rua, que esteja “tentando acertar sua vida”. Fica mais um alerta, o Cristo que pregamos é olhado, como algo “de cima” que pouco pode fazer ou mudar pelos que estão “aqui embaixo”. Ele tentou ser crente, mas ele não encontrou o Cristo da esperança que tanto queria, nada resolveu seus problemas, então ele volta ao “mundo real”. Chama-me atenção a consciência do erro, mas de onde pode vir está consciência? Tenho três suposições, a primeira é que ela vem da experimentação da vida, pelo caminhar das coisas, percebe-se o que é bom o que é ruim o que é certo o que é errado. A segunda é que sua convivência na tentativa de ser crente mostrou os erros, vale aqui mencionar a importância do discurso moral cristão que é a substância da sociedade. A terceira é que ele sabe o que a sociedade diz como certo e, assim a forma com que ele precisa se portar, para ganhar então a simpatia escolhe um discurso que agrade, que de certa forma não deixa de ser também o seu. Tomemos que esta expressão não é meramente especulativa, que ela seja um misto das duas primeiras possibilidades, então a postura do Rappa como terceira alternativa mostra-se aqui, ele é sagrado, mas não como o sagrado oficial, mas ele também é profano, deseja soluções práticas. Ele não deseja uma solução pronta, está afim de criar a sua própria, começou errado, mas agora está ciente.
A última frase para mim é o abrir-se da esperança que está música promove. Ele tenta recomeçar, fazer as coisas direito, ou pelo menos não tão ruim. A maioria dos moradores deseja acertar a sua vida. O caminho alternativo oferecido, é de analisar e repensar as práticas, a partir de sua própria realidade, de uma forma livre, sem pressão. Mas esta postura corre um grande risco de chegar a “lugar algum”. Mas nós Cristão também temos um resposta um recomeço, que é uma análise, crítica e transformação da prática e que ao contrário do Rappa nosso recomeço sempre chega a “um lugar” o melhor Lugar, junto ao Cristo que o Rappa tanto procura o Cristo da esperança o Cristo ressurreto!
Precisamos atentar para o Grito, vindo das ruas, que está música nos dá: “Precisamos recomeçar, somos pessoas com sonhos, esperanças. Já ouvimos falar do seu discurso, já vivemos isso, mas não é o que procuramos, está muito longe! O que mais você tem a nos oferecer?” Eles querem uma terceira alternativa, nem sagrada nem profana, vivencial. Em Jesus temos isso, pois já não sou eu quem vivo mas Cristo vive em mim!
Não solução a este grito, creio que para da individuo que grite está pergunta uma solução particular. Mas me parece que há um elemento unificador: Temos que apresentar o Cristo da Cruz, pois sem ela não há salvação, e este é o recomeço, mas apresentaremos a Cruz vazia, pois para nós nem a morte diz que não é possível recomeçar! Assim temos tudo o que o personagem do Rappa precisa, recomeço, sonhos e esperança em Cristo!!!
Gentilmente escrito para a SEARA URBANA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
olha amigo eu precisoi te contar uma coisa sinceramente eu lhe darei o meu email e preciso conversar com vc sobre essa musica ela tem uma historia comigo da minha infancia!!!!
ResponderExcluirPOR FAVOR! eu preciso falar sobre isso!
depois que vi o seu post sobre a musica eu pensei que eu po0deria falar com vc!!!!
mt obrigado!
meu email-neto_rdo@hotmail.com
vlw abração!!!
adorei, muito bacana sua analise
ResponderExcluir