Késede R. Júlio
Mesmo já sabendo que não corro mais como corria, e sem a mesma habilidade que
tinha, sou “metido” a jogar bola. Vivo me enfiando em campeonatos das cidades vizinhas (Valinhos,
Indaiatuba) e também daqui de Campinas. Ali, em meio aos berros de “- Passa a bola, pô!!”, “- Você
não podia errar esse gol!!!” ou então “- Toca... toca …TOOOOOOCCCCAAAAAAAAAAAA!!!”,
ou até mesmo os mais exaltados “- Piiiiiiiiiiii, piiiiiiiiii, piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!”, vivemos um
momento particular da vida, um momento onde somos nós mesmos, expondo nossos mais íntimos
sentimentos. É o calor do jogo, no afã de enfiar a bola entre os três postes que seguram uma rede.
Num destes jogos sempre tem os mais exaltados e as reações são quase animalescas. Cotoveladas,
pisões na canela, bundadas na barriga, são comuns.
Há duas semanas, estávamos num jogo destes, “acalorados”, foi quando o juiz marcou
um penalti para o nosso time, afirmando assim, que o goleiro havia feito falta em nosso atacante
dentro da área. O goleiro não teve dúvidas, virou para o juiz e esbravejou “-Piiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!”.
O juiz, com a mesma certeza, levantou o cartão vermelho e o expulsou de campo. A coisa começou a ficar feia. O goleiro partiu pra cima do juiz “só pra conversar com ele ...”. Quando vi que o esporte ia mudar e o gramado viraria em um ringue de box, corri para frente do goleiro e fiquei entre ele e o exército inimigo que estava pronto para revidar ao primeiro pontapé. Todos do meu time, sem exceção, insistiam para que eu deixasse o goleiro partir para cima do juiz, pois torciam pela briga, pela porrada, pelo caos. Sabendo disso, não desisti do meu intuito: apartar a briga. Até que os ânimos foram se acalmando e o goleiro foi saindo vagarosamente do campo, e eu abraçado com ele, dizendo que estávamos ali para dar risada, que o jogo era uma diversão, mas acho que ele nem me ouvia, pois ainda estava rosnando baixinho. De qualquer forma, saiu do campo.
Pedro, em sua primeira carta, no capítulo 3, verso 11b, afirma: “... busque a paz, e sigaa”.
Recebemos este recado depois de quase 2000 anos , pois a graça de Deus equilibra nossa
natureza tendenciosa. O mundo quer o caos para emergir seus mais rudimentares sentimentos de
culpa, de vingança e de ganância. O equilíbrio que Deus nos dá é o fiel da balança do mundo. Isto é
o que faz com que o mundo não entre em colapso. Somos mensageiros da paz e nossas reações
demonstram mais do que somos que nossas ações. Em Cristo podemos dizer NÃO ao sim uníssono.
Em Cristo podemos abraçar a quem todos querem socar. Em Cristo podemos mudar o rumo de uma
situação que todos sabemos como começa, porém nunca sabemos como terminará. O Deus da paz
venceu naquele jogo. Para mim, não importou o resultado (aliás, perdemos de 5 a 1, foi uma
lavada!!!), mas sim o vaso esvaziado de mim mesmo e cheio de Cristo que pude ser naquela tarde
de sábado. Que o sal continue salgando e que a luz continue brilhando através de todos nós, neste
mundo tenebroso.
Mantenham-se descalços!
Gentilmente escrito para a SEARA URBANA
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