Antonio Lazarini Neto
“Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras.” (2 Tm 4.14)
Perdão é uma necessidade fundamental à existência humana! O perdão nos traz qualidade de vida, bem-estar e paz interior. Se perdoar é algo essencial para todas as relações humanas, muito mais será dentro da FAMÍLIA. É preciso praticar o perdão na vivência familiar! O poeta inglês William Cowper, escrevendo a casais, disse: “O casal mais bondoso e feliz terá oportunidade de exercer a tolerância; e haverá algo, em cada dia de suas vidas, para compadecer-se, e talvez perdoar”.
É certo que teremos vidas melhores – em casa, no trabalho, na Igreja – se considerarmos a importância do perdão! Em São Paulo, desde 1998 existe uma ONG chamada CCA – “Centro para Cura das Atitudes”. Esse Centro apregoa que “não são as pessoas ou circunstâncias que causam nossos conflitos ou tensões, mas sim nossos próprios pensamentos, emoções e atitudes sobre as pessoas e eventos.” Prestou atenção nisso? Talvez você esteja tocando sua vida normalmente, estudando, trabalhando, sustentando sua família e indo a uma boa Igreja, mas existem “Alexandres” que perturbam a sua vida, ou seja, você tem em mente pessoas que te causaram muitos males e isso te tem consumido por dentro!
Talvez seja alguém de dentro da própria família que tem te causado muita tristeza, pelas coisas que faz, pelas palavras que diz, pelo jeito de agir diante de algumas situações. A experiência de Paulo com Alexandre lá no passado pode ser usada por Deus para desafiar sua vida hoje!
O que aprendemos com o modo como Paulo compartilha a experiência que teve?
1.Paulo tinha consciência dos Males causados por outras pessoas!
Paulo não negava a dor! Ele afirmou que se sentiu muito ferido com o que Alexandre lhe fez. A atitude daquele homem para com o Apóstolo, o deixou profundamente machucado! O verso 15 nos dá a informação de que esse homem “resistiu fortemente” as palavras de Paulo. É possível que tenha sido ele o causador de alguma das prisões pelas quais o apóstolo passou em sua vida. Dentre as palavras finais de Paulo a Timóteo está esse reconhecimento (não ressentimento!), essa aceitação de que a “pancada” que esse Alexandre deu foi forte!
Temos que ser honestos o suficiente conosco mesmos para admitir o quanto nos fere realmente aquilo que as pessoas fazem, ou falam, ou sentem a respeito de nós! Deus não quer que você tenha aquele tipo de atitude que dá impressão de que não se sente nada: “Eu não guardo mágoa de ninguém!” Ou: “Deixa pra lá”! Ou: “está tudo bem!”
Quando os irmãos de José se aproximaram dele, depois de estarem conscientes do mal que fizera a ele e diante da morte do pai, o que José lhes disse? “Não foi nada, já passou!” Foi isso? Não! Gênesis 50.20 diz:
“Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.”
José estava reconhecendo a dor; a dor de saber que seu velho pai passou décadas da sua dura vida pensando que seu filho estava morto; a dor de ter sido privado de passar a sua juventude junto com sua família; a dor de ter experimentado a escravidão, o confinamento forçado e injusto e a desesperança por muitos anos da sua vida!
Entenda uma coisa: Negar que nos sentimos feridos com o que os outros fazem não ajuda em nada no processo necessário do perdão!
Mas foi apenas isso que Paulo fez? Não!
2.Paulo Tinha confiança de que Deus agiria a seu favor!
Observe as palavras de Paulo: “o Senhor lhe dará a paga” (2 Tm 4:14). A versão NVI traduziu: “O Senhor lhe dará retribuição”. Quando pessoas nos causam males, quando sentimos a dor que sobrevém a nós em função de atos, palavras, atitudes de outras pessoas, precisamos ter a confiança de que Deus vai cuidar disso! Você não precisa se desgastar porque Deus está vendo e vai agir!
É Ele quem disse no Salmo 37:
“Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios. Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás. Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.” (Sl 37.7-8, 10-11)
Aos Romanos, Paulo recorda orientações do Antigo Testamento:
“Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. (Rm 12:17-21)
Quando não perdoamos demonstramos com isso que não confiamos que Deus vá fazer alguma coisa. Então, como conseqüência, fazemos!
Além de Paulo ter a consciência da dor causada, da confiança na ação de Deus, o que mais Paulo tinha?
3.Paulo Tinha convicção de que Deus agiria de forma Justa!
O versículo termina com essa declaração: “o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras.” (2 Tm 4:14). Ou seja, Paulo estava convicto de que o que Deus iria fazer seria de acordo com as obras daquele homem, portanto, com extrema justiça!
Temos muitas leis no nosso país, não é? E tais leis trazem penalidades quando quebradas. Por vezes se aplica uma pena muito branda para um crime muito grave ou uma pena muito severa para uma infração considerada leve. Mas quando falamos da justiça de Deus, estamos tocando em algo marcado por profunda coerência!
Preste atenção numa coisa: se alguém te fez algum mal, seja alguém da família, talvez alguém do trabalho ou até mesmo dentro da Igreja, tenha a certeza de que Deus será justo no tratamento disso! Paulo estava dizendo a Timóteo: “o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras.” É como dissesse: EU NÃO FAREI MELHOR DO QUE DEUS FAZ! Em toda situação, é melhor perdoar e entregar nas mãos de Deus! Ninguém fará melhor que Ele, ninguém será mais justo que Ele!
Como está o seu coração? Faça uma sondagem! Há alguém que você se lembra com rancor e ainda não descansou no Senhor? Há alguma situação que quando você pensa nela isso te traz uma sensação de tristeza e amargura? Alguém já disse que “tudo muda por fora quando se cresce por dentro!” Que Deus te ajude a perdoar.
Gentilmente escrito para a SEARA URBANA
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